terça-feira, 26 de agosto de 2014

3587) Cortázar 100 Anos (26.8.2014)



(foto: Sara Facio)


“Você sabia que os índios chirkin, à força de exigirem tesouras aos missionários, possuem tais coleções que, com relação ao seu número, são o grupo humano que mais tesouras possui?” (“O Jogo da Amarelinha”). “Meu jeito malicioso de compreender o mundo me ajudava a rir baixinho” (“Reunião”). “Há uma coisa que se chama tempo, e é como um bicho que anda e anda” (“O Jogo da Amarelinha”). “Um teatro não é mais do que um pacto com o absurdo, seu exercício eficaz e luxuoso” (“Instruções a John Howell). “Compreendíamos cada vez menos o que é um peixe; e por não compreender, íamos ficando cada vez mais próximos deles, que não se compreendem” (“O Jogo da Amarelinha”).



“As passagens e as galerias sempre foram minha pátria secreta” (“O outro céu”).  “Doadora do infinito, eu não sei tomar, perdoa-me. Tu pareces oferecer-me uma maçã e eu deixei os dentes sobre a mesa de cabeceira” (“O Jogo da Amarelinha”). “Podem acontecer coisas irrisórias ou terríveis, podemos ter acesso a ciclos que começam na porta de um café e desembocam numa forca na praça central de Bagdá” (“Prosa do Observatório). “Imaginar um repertório de insignificâncias, o enorme trabalho de investigá-las e conhecê-las a fundo” (“O Jogo da Amarelinha”). “Amarrar-se no mastro por medo da música” (“62: modelo para armar”). “Nenhuma namorada minha se suicidou até agora, embora o meu orgulho sangre quando revelo isto” (“O Jogo da Amarelinha”).



“Conheci um cavalheiro que jamais ouvia discos de música clássica porque, segundo ele, o chiado da agulha o impedia de fruir a obra em sua perfeição total; baseado neste exigente critério, era um tal de passar o dia escutando tango e bolero que dava medo” (“Para chegar a Lezama Lima”). “Um cronópio pequenino procurava a chave da porta da rua na mesa de cabeceira, a mesa de cabeceira no quarto de dormir, o quarto de dormir na casa, a casa na rua.  Aqui o cronópio se detinha, porque para sair à rua precisava da chave da porta” (“Histórias de cronópios e de famas”). “Ah, deixa-me entrar, deixa-me ver algum dia como veem teus olhos” (“O Jogo da Amarelinha”).


“Tudo em nossa América é o começo do Cão Andaluz, velho, poucas vezes conseguimos olhar alguma coisa de frente sem que a navalha ou o punhal venham furar nossos olhos” (“Fantomas contra os Vampiros Multinacionais”). “É maravilhoso que o conteúdo de um tinteiro possa se transformar em ‘O Mundo Como Vontade e Representação’” (“Os Prêmios”).  “A porteira, que gostava muito deles, disse-lhes que ambos tinham cara de desenterrados, de homens do espaço, e foi desta maneira que descobriram que Mme. Bobet lia science-fiction, o que lhes pareceu sensacional” (“O Jogo da Amarelinha”).