sexta-feira, 24 de maio de 2013

3194) Troféu Gonzagão (24.5.2012)



(Antonio Barros & Cecéu)


Estive em Campina para assistir a cerimônia do V Troféu Gonzagão, que o pessoal chama “o Oscar do forró”. Os homenageados principais deste ano foram Sivuca (in memoriam), Genival Lacerda e a dupla Antonio Barros & Cecéu. Houve também a entrega de troféus para o cineasta Breno Silveira (Gonzaga – de pai pra filho), Chico César, Assis Ângelo, Fred Ozanam e Onaldo Rocha (autor de Baião em Crônicas). Durante mais de quatro horas, passaram pelo palco (acompanhados por uma firmíssima banda de apoio, com o maestro Adelson Viana) cantores como Alcimar Monteiro, Pinto do Acordeon, Fagner, Cezinha, Flávio José, Biliu de Campina, Josildo Sá, Trio Nordestino, Ton Oliveira, Capilé, Elba Ramalho... Lamento, a lista completa iria preencher sozinha esta coluna. O prêmio é uma iniciativa de Ajalmar Maia e Rilávia Cardoso, realização do Centro de Ortodontia Integrado e FIEP/SESI, com apoio dos governos estadual e municipal, UEPB, Sandálias Havaianas e Duraplast.

Essa ficha técnica aí em cima é importante para dar uma medida não apenas do evento em si, mas da força e vitalidade do forró pé-de-serra, cujo “estado terminal” vive sendo anunciado há muitos anos, tanto pelo pessimismo de alguns dos seus defensores quanto pelo otimismo de seus inimigos. Cada vez que o mundo dá uma volta aparecem manchetes dizendo que o forró está morrendo, mas na volta seguinte o forró aparece de novo, vivinho da silva. Me lembra a situação do cordel, descrita uma vez por Ariano Suassuna: “Aqui no Recife tinha um sujeito que dizia o tempo todo que o cordel tinha morrido. Quando ele morreu, escreveram um cordel em homenagem a ele”.

Não faltam talentos ao forró: milhares de músicos, compositores e cantores vivem dele. Não lhe faltam história nem tradição. Sua principal concorrente, a Lambada, se auto-intitula “forró eletrônico” – um duplo equívoco, pois nem é forró nem explora a fundo os recursos eletrônicos (que, aliás, qualquer gênero musical usa hoje em dia, com exceção talvez do Canto Gregoriano). Quais as maiores qualidades desse adversário? A Lambada é uma música alegre, sensual, boa de dançar? Pois o forró é tudo isso e muito mais.

O forró tem diante de si um grande futuro, pelo fato de ter um grande passado. Por mais que as tempestades do mercado fustiguem seus galhos e seu tronco, ele tem raízes  profundas que o fazem renascer depois de cada seca ou cada enchente. Hoje, no Nordeste, brotam fábricas de sanfona, escolas de fole-de-8-baixos, novos cantores e novas bandas rejuvenescendo o cancioneiro clássico e trazendo um repertório novo e atual. O mundo dá muitas voltas, e não tem verão tão longo que não desemboque num inverno.