sábado, 5 de outubro de 2013

3308) Krokodil (4.10.2013)




É uma nova droga, que se espalhou na Rússia e já apareceu em outros países. É injetável, causa um “barato” fortíssimo, mas os compostos químicos de que é formada corroem as veias por dentro. A carne apodrece de dentro para fora, e a certa altura incha e começa a se despregar dos ossos. A pele fica com aparência de couro de crocodilo, daí o nome.

O Krokodil é composto, segundo a imprensa, de codeína, gasolina, solvente de tinta, óleo e álcool. Tudo isto pode ser legalmente comprado (e misturado) por qualquer pessoa. Para aumentar o efeito, quando a dose é pequena, os viciados tomam vidros inteiros de uma espécie de colírio, Tropikamid, o qual ajuda a destruir o fígado, os rins, etc. Não admira que seja chamada uma “droga comedora de carne” (“flesh eating drug”).  As imagens de um documentário no You Tube (http://bit.ly/JTr5MZ) são fortes, mostram doentes em diferentes graus de decomposição física.

Quem usa essa droga? Na maioria jovens, desocupados, que nunca (ou pouco) estudaram ou trabalharam. Têm entre 14 e 20 anos, e morrem geralmente entre os 20 e 25. Vivem em prédios abandonados, em condomínios tomados pelo matagal e pelo lixo, sem móveis ou com móveis apodrecidos, o chão coberto de detritos, de seringas, de frascos quebrados, de jornais velhos. Sobrevivem saqueando os prédios em volta, roubando qualquer tipo de material (metais, principalmente) que possa ser negociado no mercado negro ou nas feiras de trocas.

Um rapaz diz que jamais tomaria Krokodil, preferiria tomar heroína, que “faz menos mal”. O Krokodil é 10 vezes mais forte e 3 vezes mais barato do que a heroína. A relação entre as duas drogas é mais ou menos a que existe entre cocaína e crack: de repente, no mercado consumidor de uma droga tradicional, surge algo que se assemelha a ela mas é incalculavelmente mais “sujo”, mais tosco e mais prejudicial do que ela – mas é também muito mais barato. O lixo da droga.


Um dos entrevistados neste documentário fala da possibilidade de ser uma estratégia de “narco-terrorismo”, uma tentativa (do Afeganistão e outros países oprimidos) de destruir a Rússia pelas beiras, espalhando o vício e o caos social. Pode ser visto também como um sinal do apodrecimento de um sistema, que começa pelas extremidades: as classes mais pobres, as regiões mais remotas, os bairros mais abandonados. Diz o filme que 20% da população dessa cidade de Novokuznetsk são viciados em drogas. Uma proporção que só tende a aumentar. O terço final do filme mostra sobreviventes que são pouco mais do que zumbis, que mal conseguem fitar o interlocutor e responder perguntas. É a droga mais terrível que se consome no mundo, até surgir a próxima.





Um comentário:

Fábio disse...

E para piorar ainda mais: sempre vai ter outra droga sendo inventada.