terça-feira, 30 de julho de 2013

3251) Galo! (30.7.2013)



Os torcedores do Treze que me desculpem, mas é do Galo mineiro que vou falar hoje. Para muita gente o conceito de torcer por mais de um clube é tão inadmissível quanto o de rezar para mais de um Deus. Se for assim, eu assumo: sou politeísta em matéria de futebol. Tenho vários altarezinhos com bandeiras e camisas de cores diferentes. E presto minhas homenagens a cada um desses santos, principalmente quando um deles faz milagre.

“Milagre” chega perto de descrever a façanha do Atlético-MG em conquistar a Taça Libertadores das Américas, no final de uma campanha tanto heróica quanto imprevisível. Faz parte do karma dos grandes clubes que todo mundo, a começar pela torcida e pela imprensa, lhe cobre a conquista de títulos importantes. O Atlético tem títulos regionais mas não ganha há cerca de 40 anos um Campeonato Brasileiro que já foi conquistado por times de menor projeção, como Coritiba, Guarani de Campinas e Atlético Paranaense. “Bateu na trave” algumas vezes, principalmente na derrota de 1977 para o truculento São Paulo de Rubens Minelli, e no ano passado, quando afracou na reta final e deixou o título, de mão beijada, para o Fluminense.

Depois de uma primeira fase arrasadora, em que “passou no rodo” todos os adversários, o Atlético sofreu nos jogos decisivos. Nessa fase final, raramente repetiu as atuações confiantes da primeira metade do torneio. Parecia haver um milhão de toneladas de concreto pesando nos ombros dos jogadores. Permitiu gols bobos, perdeu gols incríveis, deu aquelas mancadas que nos grandes times estão associadas ao apagão mental de quem está chegando próximo ao limite. Fez gols salvadores nos últimos minutos, quando tudo parecia perdido; e o goleiro Vítor defendeu pênaltis históricos em momentos cruciais.

Falei em milagre porque o Atlético criou, para si mesmo, problemas quase insuperáveis, e acabou superando-os, quase que sadicamente, só para fazer a torcida gemer mais fundo. Não sou torcedor de acompanhar o time, até porque os jogos do Atlético só passam na TV quando ele enfrenta os times do Rio. Destes seis últimos jogos, vi cinco, e em todos passei perto do enfarte. Logo eu que me considero muito mais torcedor do Treze ou do Flamengo. Quando o Flamengo trouxe Ronaldinho Gaúcho, fiquei imaginando que uma alegria muito grande estava reservada para mim. E estava mesmo, só que não para o flamenguista,  e sim para o atleticano. Podem torcer o nariz, mas essa vitória de Ronaldinho, comandando um time com muito talento e muita garra, valeu tanto quanto qualquer outra. Ele não é mais o mesmo que foi no passado. Nenhum de nós será, no futuro. O Atlético é campeão no presente. Viva o Galo.


4 comentários:

Halem Souza disse...

De fato, o "politeísmo" futebolístico não é prática muito comum. Mas que bom que entre suas "devoções" está o Galo, time do meu coração (eu sou um "monoteísta"). Um abraço.

Thiago M. disse...

UMA VEZ, ATÉ MORRER.

GAAAALOOO

edsondefrancablog disse...

Penso que a alegria do cronista tem sentido. O politeismo futebolistico tem fundamento e defensores. Sou Botafogo/pb e Fluminense (o coracao aqui e basico e guerreiro). Mas digo coisa Que parecem contraditorias: o melhor time Que ja vi jogar chama-se Flamengo, admirei o operariado corintiano ano passado, reconheci a superioridade dos bambis e dos porcos anos a fio, fui galo da paraiba e Nacional de Patos quando os acheis dignoos desse pedaco de coracao que na vida, curta e imprecisa, so quer amar a boa disputa.

Emília Silva disse...

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