quarta-feira, 7 de março de 2012

2811) O Poço do Dinheiro (7.3.2012)




Existem dois tipos de mistério, o mistério sobrenatural (que envolve espíritos, almas, etc.) e o mistério natural (que se reduz ao mundo da matéria). Este segundo tipo se divide em mistérios fantásticos e mistérios realistas. Os fantásticos incluem coisas que, se confirmada sua existência, mudariam nossa visão do mundo (sem envolver nada espiritual): o monstro do Lago Ness, a Atlântida, por exemplo. Os mistérios realistas envolvem apenas segredos, enigmas, etc., nada que mude nossa visão das ciências; são os mistérios históricos. Quem foi Kaspar Hauser? Quem era o Prisioneiro da Máscara de Ferro? Quem foi o Embuçado que avisou os inconfidentes mineiros que seu plano fôra descoberto? São fatos isolados, específicos, cuja solução em nada alteraria os paradigmas da Ciência humana.

Um dos mais interessantes é o que Rupert Furneaux chamou, em seu livro Grandes Mistérios da Humanidade, o Poço do Dinheiro. Em 1795, alguns rapazes descobriram em Oak Island (uma ilhota em Nova Escócia, na costa do Canadá) o que parecia ser uma escavação circular, como um poço soterrado. Iniciaram então uma “busca ao tesouro” que durou o resto das suas vidas, atravessou os séculos 19 e 20, e continua até hoje (veja o saite: http://www.oakislandtreasure.co.uk/). Toda a engenharia contemporânea não foi capaz de chegar ao fundo desse poço onde já foram encontrados vários tipos de artefatos (o que é de se esperar) e numerosas camadas protetoras de madeira ou de pedra indicando que quem enterrou algo ali cercou-se de enormes precauções para que aquilo não fosse descoberto. Talvez já se tenham gasto milhões de dólares na escavação desse poço, mas cada vez que se vai mais fundo ele é inundado pela água do mar (que fica próximo) por um “sofisticado sistema de túneis protetores”.

O que diabo pode haver ali? Talvez dinheiro dos piratas ou dos revolucionários do século 18. As teorias mais delirantes falam no Santo Graal, na Arca Perdida da Aliança, nos segredos dos Templários, e até (não estou brincando) na prova de que as peças de Shakespeare foram escritas por Sir Francis Bacon. A teoria mais cética diz que aquilo é apenas um sumidouro, uma terra alagadiça que desmorona sobre si mesma sempre que é escavada, e que engoliu artefatos dos antigos pioneiros ou de marujos que fizeram ali algum ponto de apoio provisório. O Poço do Dinheiro é um mistério natural (ninguém sugeriu explicações espirituais) e realista, porque o que quer venha a ser encontrado dificilmente mudará nossa visão do mundo. A menos que seja uma antecâmara para a cripta submarina em R’lyeh, onde Cthulhu prepara, sonhando, o seu retorno à Terra.