domingo, 18 de dezembro de 2011

2743) Novos milionários (18.12.2011)



Sete mil novos milionários por ano. Esta é a quantidade que o Brasil produz, segundo a revista Forbes. Um artigo recente (http://tinyurl.com/7po2pzb) dessa revista nos adverte, contudo, que eles são milionários em moeda brasileira, pois o seu valor em dólares é algo em torno de 540 mil. Para um país do BRIC não está nada ruim, embora faça lembrar a frase (não sei se é de Gandhi ou do Dalai Lama) de que alguns países produzem riqueza e outros produzem ricos. O Brasil, amigos, está botando rico pelo ladrão.

A Forbes lembra que a estatística, que na verdade fala em 19 milionários por dia, levou em conta todas as riquezas do indivíduo: investimentos, propriedades, poupanças e outros ativos, além de dinheiro em caixa. E diz que o Brasil tem atualmente 137 mil milionários e cerca de 30 bilionários, de acordo com a lista elaborada pela própria revista em 2011, sendo que 70% da riqueza do país estão concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro. (Imagino que este número se refira à riqueza desses banqueiros e altos executivos, não à riqueza do país como um todo.)

O engano mais frequente em torno dos milionários é pensar que todo sujeito rico conquistou esse dinheiro roubando. Errado. Muitos enriquecem honestamente, e a única crítica que se pode fazer a sua fortuna é que foi obtida através da exploração do operariado, do crescimento desenfreado dos bancos e das multinacionais, etc.; mas o trabalho dele, em si, não envolveu corrupção ou apropriação indébita.

Essa é minha dúvida principal, porque um corrupto, traficante, contrabandista, gangster, etc. desfruta, é óbvio, de uma riqueza indevida. Mas o que dizer de um gerente de conglomerado financeiro que ganha um milhão por mês? É o salário dele, pagam-lho porque acham que o merece. É um pouco como salário de jogador de futebol. Eu não consigo encontrar uma relação concreta entre os salários sauditas que esses atletas ganham e o futebolzinho bambala que jogam. Mas se os próprios patrões concordam em pagar isso, problema deles.

E volto à questão. É possível, talvez, ser um funcionário honesto (dedicado, ético, que age estritamente dentro da lei) num conglomerado financeiro. O problema é que um conglomerado financeiro é, no mundo de hoje, algo comparável ao conglomerado celular popularmente conhecido como “câncer”. Suas intenções podem até ser as mais angelicais possíveis, mas seu funcionamento é predatório, suicida, e tende a destruir o organismo onde habita. É possível ser correto no interior de um sistema que age de forma incorreta? Até que ponto a surrada justificativa do “estou apenas cumprindo ordens” os absolve das fortunas que ganham?