terça-feira, 20 de julho de 2010

2291) Espanha x Holanda (11.7.2010)



(foto: Monirul Bhuiyan)

Chega ao fim a Copa do Mundo com um encontro que, sem ser improvável, não é certamente o que a maioria das pessoas estaria imaginando. Eram tantas as alternativas: Itália, França, Brasil, Argentina, Alemanha, Inglaterra... Os habituais suspeitos. A verdade é que existe no futebol o que os coleguinhas chamam “o seleto clube dos campeões”, e que são justamente estas seis seleções acima, eternas candidatas, mais o Uruguai, que é campeão também, embora nunca mais tenha ameaçado. Oooops... Pois não é que este ano los orientales, com Loco Abreu, “cavadinha” e tudo, botaram todo mundo no bolso, inclusive nós, e ficaram entre os finalistas? Dou meus parabéns a todos os uruguaios, na pessoa do escritor Eduardo Galeano, um dos poucos literatos que já escreveram coisas inteligentes sobre “el fútbol”.

O Uruguai foi uma das boas surpresas desta Copa, nem tanto pelo grande futebol, mas pela façanha. Até o Paraguai acabou saindo com uma relação custo-benefício melhor do que a nossa. A Argentina viveu um melodrama operístico nas mãos do Loco Maradona, indo do êxtase à catástrofe numa volta do ponteiro grande. Foi tão repentina a reviravolta que o time foi recebido com festa em Buenos Aires. Ficaram tão zonzos que estão achando que ganharam a Copa. Já o Chile fez uma campanha honrosa, nas mãos de outro Loco, o Bielsa. Pois é. Acho que foi isso que faltou ao Brasil: um doido. Temos bons técnicos, mas o que lhes falta é um grão de loucura.

Enfim – Holanda e Espanha estão, até a tarde de hoje, vivendo aquele Limbo Paradisíaco da pré-decisão, quando todos os nossos sonhos estão ao alcance da mão. Um dos dois será campeão pela primeira vez; o outro dará pela enésima vez com a cara na porta e voltará para casa em pleno “complexo de viralata”. Já falei aqui que a Copa do Mundo deve um título à Holanda, pelos seus muitos e belos serviços prestados à arte do futebol. Torci pelos holandeses nas finais de 1974 e 1978, apenas para vê-los sendo derrotados pelos donos da casa (Alemanha e Argentina). Ironicamente, na terceira vez em que chegam à decisão, torcerei pelo outro. Gosto do futebol da Espanha, que, ao longo da Copa, foi ficando cada vez mais parecido com o futebol do Barcelona, que para mim é o melhor time do mundo no momento. Puyol, Piquet, Iniesta e Xavi são uma espinha dorsal capaz de sustentar qualquer equipe. A única coisa que faz falta à Espanha é... Lionel Messi.

O time da Holanda é um time correto, todos jogam bem, mas é uma seleção sem o rock-and-roll que tinha na década de 1970. Fiquei meio atravessado com eles pelo modo como ganharam do Brasil, vencendo mais pelos nossos defeitos do que por terem exibido um grande futebol. Não importa,. Hoje tem jogão! Gosto de decisões como a de hoje porque, mesmo tendo preferência, na verdade não torço por ninguém: torço pelo futebol. Quero ver um grande jogo, com grandes jogadas e grandes gols. E se vencer o melhor, pra mim valeu.

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