domingo, 30 de maio de 2010

2093) Contracapa de torpedo (22.11.2009)



(www.imagesavant.com)

& Hitler, Buffallo Bill, Salvador Dali, Nietzsche, Billy Blanco, Stálin, Cantinflas: o bigode como assinatura & o câncer é a vingança do cigarro & existem feiúras agradáveis e belezas repulsivas & uma piscina sob o tapete & os punhos fechados, os olhos abertos, o coração abrindo e fechando & o ciúme é a soma do medo de perder com a raiva de dividir & viver com um artista é como morar num prédio de Niemeyer & a beleza do mundo está na lente dos óculos & a síncope musical é como uma coluna arquitetônica sem o seu terço médio & quem vê a laranja intacta não conhece a laranja & o tempo não é linear como o espaço, é turbulento, caótico, probabilístico, browniano & formigas de aço cortando e carregando folhas de plástico & precisa uma cama com oito pés, porque o rojão aqui é pesado & por que não temos cinemascope na vertical? & estruturalisticamente, é demonstrável que os quatro evangelistas mais divergem do que coincidem & purpurinas verbais, lantejoulas estilísticas, silicones narratológicos, e uma cadeira na ABL & desligo a televisão com a mesma angústia com que fecho uma janela em pleno dia & minha memória é um campo minado onde nunca sei que lembrança aleatória vai fazer meu dia voar pelos ares em estilhaços de culpa e expiação & a toda hora tem um mistagogo enfiando uma falcatrua nas entranhas do país e arrebanhando o ouro gordo da sua boa fé & ao invés das artes de Marte quero mil vezes os venenos de Vênus & fazer uma pergunta é criar uma porta; fornecer uma resposta é abri-la & eu queria a glória dos Irmãos Lumière, aquela de criar, mesmo sem crer & um jogo de sinuca bidimensional, com círculos que se entrechocam e ao atingirem o lugar correto transformam-se em esfera e rolam pelo papel afora & nem mesmo as anêmonas de amônia que nadam nos gases de Júpiter estão livres do medo, da esperança, da solidão e do amor & perdido no deserto, e a única sombra à vista é a minha, que não pode me abrigar & um inferno composto de quartos úmidos, inverno sem fim, cinzeiros cheios e café frio & às vezes é melhor declarar guerra a um país vizinho e alistar os criminosos & com quantos círculos se pode preencher um círculo maior? & a polícia só toca a campainha ao amanhecer & esquecer não é deletar, é diluir & em que ano será implantado o primeiro controle remoto de TV subcutâneo? & espatifou um cálice entre os dedos cerrados e só percebeu no dia seguinte & quando um notório mentiroso diz uma verdade evidente, qual dos dois contamina o outro? & um homem com teclas de piano no lugar dos dentes & sim, eu sei que o prédio está se incendiando, mas não tem quem me faça sair de casa com os cadarços desamarrados & a rã salta no poço há mil anos presa no loop de um poema & não se pode acertar sempre, mas não se deve errar tanto & um país pode enlouquecer sem que nenhum dos seus habitantes o perceba & o ser humano come realidade e bebe fantasia &

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