quarta-feira, 5 de maio de 2010

1996) Falsos documentos à venda (1.8.2009)



O “Fantástico” na TV Globo mostrou recentemente uma matéria sobre a venda de documentos estudantis falsos, uma indústria subterrânea florescente no País dos Bacharéis. Pelo que a gente viu, parece a coisa mais simples do mundo conseguir um diploma de Médico ou de Advogado, pagando 3 ou 4 mil reais. Uma pechincha, comparada com as despesas de um curso de verdade. As falsificações são anunciadas livremente nos cadernos de Classificados. O sujeito telefona, faz contato, fornece seus dados, diz o curso que quer, e dias depois recebe diploma, histórico escolar completo, e está apto a exercer a profissão – desde que encontre gente incauta o bastante para não checar a autenticidade dos documentos.

Falsificar documentos é uma arte. Num livro recente de William Gibson, um personagem que precisa de identidade falsa recebe uma carteira de motorista com sua foto e outro nome, e percebe que alguém se deu o trabalho de enfiar e retirar o documento centenas de vezes numa carteira de cédulas, para produzir micro-arranhões e dar verossimilhança à falsificação. Já dizia o Budista Tibetano: “Numa sociedade de aparências como a nossa, mais vale uma coisa falsa que pareça verdadeira do que uma verdadeira que pareça falsa”. Durante muitos anos tive uma Carteira de Identidade totalmente detonada, o plástico parecendo uma bolacha sete-capas, a assinatura desbotada, a foto quase se largando. Quando alguma autoridade (um policial, um funcionário de aeroporto) levantava alguma dúvida, eu dizia: “Se está assim é porque é de verdade, se eu fosse falsificar um documento ia ser uma coisa bem ajeitadinha.” Sempre funcionou.

Um saite intitulado “Corrupted-Files.com” oferece a estudantes norte-americanos arquivos em qualquer formato, mas corrompidos, ou seja, com uma alteração interna que torna impossível abri-los com qualquer programa. O objetivo é fazer com que estudantes preguiçosos ganhem algum tempo extra para enviar seus trabalhos escolares por email (prática comum nas universidades). Se o trabalho é para o dia 10 e não ficou pronto, basta ao estudante baixar um arquivo assim no saite, dar a ele o título do trabalho e enviá-lo para o professor. Este dificilmente vai abrir o arquivo no mesmo dia. Quando o fizer, lá pelo dia 13 ou 14, não vai conseguir, pois o arquivo estará corrompido. Ele entra em contato com o estudante, que reenvia o trabalho – desta vez num arquivo normal, e com o trabalho pronto, porque teve 3 ou 4 dias extras para terminá-lo.

Outro saite, “FalseExpense” oferece falsas notas fiscais de despesas variadas: passagem aérea, hotel, restaurante, etc. O cliente paga uma taxa e preenche um questionário online explicando as despesas que deseja justificar. Por exemplo, passagem de ida e volta entre Detroit e Miami, hotel tal, tantas refeições em hotéis com valor médio “x”... Depois que o pagamento é feito, ele recebe pelo Correio as notas que encomendou. Sem impostos... e sem perguntas.

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