segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

1658) O que é steampunk (5.7.2008)




Um dos meus ramos preferidos da ficção científica é o gênero chamado “steampunk”, histórias de FC ambientadas na segunda metade do século 19, de preferência em Londres. Como surgiu esse subgênero? Talvez tenha algo a ver com uma homenagem a escritores que foram pioneiros da FC e Fantasia escrevendo nesse período: H. G. Wells, Conan Doyle, Robert Louis Stevenson, H. Rider Haggard, Bram Stoker, etc.

O nome “steampunk” é uma “variante de “cyberpunk”. Este último fala dos marginais (“punk”) numa sociedade cibernética; o outro fala dos marginais numa sociedade movida a vapor (“steam”). Os romances “steampunk” transcorrem numa civilização em que as invenções fictícias coexistem com lampiões de gás, zepelins, balões, coches puxados a cavalo, locomotivas, etc. É o mundo de Sherlock Holmes, de Jack o Estripador, dos heróis de Charles Dickens, só que invadido de repente por alienígenas, homens artificiais, computadores mecânicos, máquinas do tempo, sociedades secretas, etc.

Em The Difference Engine, de William Gibson & Bruce Sterling, imagina-se que foi possível aos britânicos construir o gigantesco computador mecânico imaginado por Charles Babbage, que funcionava de modo parecido com aquelas calculadoras manuais que tínhamos antigamente nos escritórios – engrenagens, alavancas, rodas dentadas... Um computador assim jamais foi construído (seria, dizem, inviável do ponto de vista mecânico); mas Gibson & Sterling imaginam que ele foi construído, funcionou, e a partir daí colocam na sociedade inglesa de 1855 uma série de elementos transformadores que, na vida real, só vieram a acontecer 150 anos depois.

Um filme “steampunk” recente é O Grande Truque (The Prestige), em que Christian Bale e Hugh Jackman fazem dois mágicos de teatro envolvidos numa batalha de egos; o lado FC da história vem através da presença do inventor Nikolas Tesla, a quem cabe transformar o filme numa história legítima de FC.

O charme maior do “steampunk” é a mistura anacrônica entre o antigo e o futurista. Paradoxalmente, o futurista às vezes é muito próximo ao nosso cotidiano do século 21, principalmente no que se refere a informática, equipamentos eletrônicos, etc. E a tecnologia da época Vitoriana nos leva de volta a uma época em que havia uma crença ilimitada na razão da Ciência e nos inevitáveis benefícios que ela nos traria. A Ciência de hoje está inextricavelmente entrelaçada ao nosso cotidiano, aos nossos problemas. Engenharia genética, clones, DNA, tudo isto está permeado de comercialismo e exploração industrial. O programa espacial vive marcando passo. Os computadores dominaram o mundo, mas se nivelaram ao automóvel e à TV, banalizaram-se como meras engenhocas domésticas. O cenário Vitoriano, levando-nos de volta aos tempos de Julio Verne e H. G. Wells, nos transporta para um momento mágico da História em que tudo parecia ainda mais possível do que hoje.

Um comentário:

bibs disse...

Fiquei realmente feliz de saber que você também é um apreciador do steampunk.
Aqui na PB estou descobrindo mais e mais fãs do gênero, e estamos compondo o Conselho Steampunk PB, junto ao Nacional.
É maravilhoso saber que um escritor como você gosta e divulga o steampunk.

Um forte abraço,
Gabriela