sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

1447) A Copa de 2014 (2.11.2007)



Liguei a TV para acompanhar a confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, e fiquei entusiasmado. Na delegação que representava nosso país estavam o presidente Lula, o presidente da CBF Ricardo Teixeira, o técnico Dunga, o craque Romário... e o mago Paulo Coelho! Agora sim, eu fico confiante. Com Paulo Coelho na comissão técnica, duvido que alguém nos tire esse título.

Mas, futebol à parte, eu desconfio desses mega-eventos. Primeiro, acho que essa história de construir ou reformar uma dúzia de estádios acaba resultando na costumeira festança das empreiteiras e dos atravessadores. Um estádio de 50 milhões acaba custando 100, porque outros cinqüenta têm de ser empregados no pedágio da burocracia, onde cada trâmite de processo, cada liberação de verbas, cada rubrica de fiscalização tem que ser comprada a peso de ouro. Copa do Mundo no Brasil é uma excelente notícia para esse pessoal. Agora mesmo tive de ir fechar a janela da sala, devido ao ruído ensurdecedor das rolhas de champanha de mil reais a garrafa pipocando Brasil afora.

Em segundo lugar, a enxurrada de turistas endinheirados que aflui para um evento desse porte é uma tentação irresistível para nosso submundo. Lembram as matérias mostrando como as casas de prostituição proliferaram na Alemanha durante a Copa do ano passado? Se é assim na pátria de Lutero, avalie como vai ser aqui, na pátria de Bruna Surfistinha. E olhem que estou falando no lado (digamos) inofensivo do problema. Se a gente extrapolar essa situação para o âmbito dos traficantes e vendedores de drogas, dos batedores de carteiras, dos assaltantes a mão armada, dos gatunos de hotel, das quadrilhas de seqüestro-relâmpago... É um pouco como fazer uma maratona de natação para dez mil participantes na praia de Boa Viagem. Os tubarões agradecem.

Voltando ao aspecto futebolístico, a Copa vir para cá em 2014 nos traz uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que dificilmente perderemos o título, mesmo jogando sob a sombra tenebrosa dos fiascos de 1950 e de 2006. A má notícia é que a Copa de 2010 já está perdida por antecipação, porque, resultados no campo à parte, existe um sutil direcionamento nessas disputas “aconselhando” Fulano a perder agora para ganhar depois. Os leitores mais ligados hão de recordar que previ, nesta coluna, que nossa Seleção perderia em 2006 e 2010 caso tivesse chances de sediar a Copa em 2014. A primeira parte da minha profecia já se cumpriu, de maneira inesperada até para mim: uma das seleções mais “galácticas” que já montamos entregou o ouro aos bandidos, de mão beijada. Como, e por quê? Fiquei sabendo hoje.

Se o Brasil se distanciasse muito no número de títulos, a disputa perderia a graça. Antes de 2006 tínhamos cinco títulos, contra três da Itália e três da Alemanha. A Itália subiu para quatro. Profetizo que a Alemanha ganhará a próxima, mas que no Maracanã ninguém nos tira o título, a não ser que algum adversário escale Obdulio Varela.

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