quinta-feira, 30 de abril de 2009

1000) 1.000 (31.5.2006)



Não sei se você estava contando, caro leitor. Eu estava. Este é o artigo número 1.000 que publico aqui nesta coluna no “Jornal da Paraíba”, desde 23 de março de 2003, quando estreei neste espaço com o texto “Palavras que ficam”. Mil artigos quase diários (o jornal não sai nas segundas-feiras), sem ter falhado um dia sequer. Não digo para me gabar, mas para reafirmar um princípio da minha ética literária: se quer ser escritor, escreva todo dia.

Escrever todo dia faz parte do nosso batente, e aqui tiro o chapéu a todos os coleguinhas deste jornal, colunistas ou redatores anônimos, que batem ponto nestas páginas com suas idéias, sua verve, sua arte e ofício. Tin-tin, companheiros! O jornalismo é mais próximo da Literatura Oral do que da Literatura. É uma forma fugaz de permanência, uma paradoxal oralidade impressa, típica de nossa época.

Espero não ter dito muita besteira ao longo deste tempo. Este era o meu maior medo quando fui convidado por Rômulo Azevedo e Luís Carlos de Sousa e passei um ou dois meses negaceando, até ser convencido pela pertinácia e pela diplomacia de Guilherme Lima. Tinha medo de ficar sem assunto, e de me repetir com freqüência. No frigir dos ovos, acho que a coisa está indo bem, até porque quando abro a porta do meu Depósito de Assuntos vejo uma imagem parecida com aquele último plano de Os Caçadores de Arca Perdida. Material não falta.

Aqui escrevo o que me dá na telha, uso o vocabulário que me convém, defendo as idéias que me parecem corretas, falo sério quando me apraz e tiro onda quando tô a fim. Há quem discorde do que digo, mas ninguém interfere no meu texto. Aqui reencontrei amigos de longa data como Sílvio Osias e Láuriston Pinheiro, e aqui acompanho o surgimento de uma nova geração de jornalistas jovens e promissores como Astier Basílio, André Cananéa e o recém-contratado Zé Nêumanne. E estendo este cumprimento e esta saudação aos demais colegas, com quem não tenho o prazer de conviver de perto, pois a verdade é que, graças aos recursos do ciberespaço, moro a 2 mil km de distância e só piso na redação duas ou três vezes por ano.

Espero que o leitor releve esta pausa de hoje na minha discussão dos grandes problemas mundiais (como a arte do palíndromo ou os avanços da robótica) para estes cinco minutos de papo descontraído junto ao bebedouro. Depois de mais de vinte anos morando longe, o “Jornal da Paraíba” me trouxe de volta à Paraíba, onde, como tantos outros que saíram de mundo afora por terem sonhado com um tesouro, acabei descobrindo que meu tesouro estava no lugar de onde parti. Mas, como dizia o poeta, e como cantávamos ao violão tantas vezes nas madrugadas frias de Campina, era “como se ter ido fosse necessário para voltar”. Todos os dias estou de volta, emocionado, porque embora minha cabeça esteja sempre passeando pelas galáxias e eu tenha aspirações secretas de ser eleito Síndico do Universo, é aqui que está o meu coração, sras e srs.

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